2006-04-14

E lá se foi o prazer...

«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.

A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

________________

Obrigado Tommy ;) *

2006-04-13

Também espero que não

Hoje recebi este mail:

"Para a minha PULGA, agora que vai fazer 17 anos (já?).
Espero que aos 85 não te arrependas daquilo que (não) viveste!

Um grande beijo

Pai

INSTANTES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida.
Na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiénico.
Correria mais riscos
viajaria mais,
contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas,
nadaria mais rios.
Iria a lugares onde nunca fui,
comeria mais sorvetes
e menos favas,
teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e minuciosamente cada minuto da sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar atrás trataria
de ter somente bons momentos.
Porque, se não o sabem, disso é feita a vida,
só de momentos; não percas o agora.
Eu era um desses que nunca
iam a parte nenhuma sem um termómetro,
um saco de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas;
se pudesse voltar a viver, viajaria mais leve.
Se pudesse voltar a viver
começaria a andar descalço no principio
da Primavera
e continuaria descalço até ao fim do Outono.
Daria mais voltas no carrossel,
contemplaria mais amanheceres,
e brincaria com mais crianças,
Se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas vejam lá, tenho 85 anos e sei que estou a morrer.




Jorge Luís Borges
(tradução de António Alçada Baptista) "

2006-04-09

Com que direito?

Com que direito é que se decide sobre a vida de outra pessoa assim? Com que direito se guia um carro sem carta de conduçao sabendo que isso pode prejudicar outras pessoas? Com que direito se é irresponsável ao ponto de pôr os outros em perigo? Com que direito se atenta contra a vida dos outros por puro capricho?
Se se queria matar podia ter dado um tiro no céu da boca. Neste mundo não somos só responsáveis pela nossa vida, temos também a vida dos outros nas mãos. E com que direito se comete uma irresponsabilidade tal? Como é possivel o ser humano ser tão estupido? Agora, por causa de tamanha irresponsabilidade, por tão estupida brincadeira tenho um amigo em coma profundo! A rapariga que ia a guiar o carro provavelmente tem só uns arranhões. Mas o Marcio, que não fez mal nenhum, que não pôs a vida dos outros em risco, que não foi irresponsável, que não foi inconsciente está em coma!
Pensem duas vezes antes de fazer o que quer que seja, façam o que quiserem da vossa vidinha... têm esse direito! Mas quando toca a decidir sobre a vida dos outros, perdem todo o direito e uma má decisão pode-vos tornar uns assassinos! Este é só mais um exemplo de inconsciencia, de irresponsabilidade. Hoje, por causa de uma brincadeira um rapaz quase perdeu a vida... COM QUE DIREITO?

Arctic Monkeys - Old Yellow Bricks


Rota de colisãO

Lá, entre o Sol e o Si